A
necessidade de uma História que possua as suas singularidades e que
destaque as especificidades de onde está retratando, se mostra a
cada dia mais presente no âmbito acadêmico, mas, por outro lado,
encontra-se distante do ambiente escolar, no qual a predominância da
História generalizante se mostra incessantemente presente nos livros
didáticos. Esta é uma das primeiras preocupações abordadas por
Arnaldo Pinto Junior em seu texto “As potencialidades da História
Local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do
município de Sorocaba” .
Neste
texto, Junior tenta mostrar a importância da História local como
uma ferramenta de auxilio no incentivo da aprendizagem da História,
se utilizando das “experiências de vida” dos alunos, além de
impulsionar os mesmos a realizar atividades de pesquisa, fazendo com
que no final do processo, os próprios aprendizes possam discutir a
veracidade dos discursos presentes em volta da historiografia da
cidade.
No
caso de Sorocaba, o discurso predominante, e ao mesmo tempo comum em
vários locais do Brasil, é o discurso celebrativo, que enaltece o
processo de modernização da cidade, realizado pelos “grandes
homens”, com a instalação de fábricas têxteis no final do
século XIX, transformando o município na “Manchester Paulista”.
Por outro lado, a História anterior a este processo é deixada de
lado, quase que esquecida, já que é denominada como “vergonhosa”
e “decadente”, na qual a cidade tinha como principal foco de
comércio a feira de animais para transporte, indo de encontro aos
conceitos de “progresso” e “modernidade”.
Através
desta perspectiva, do “lembrar e esquecer”, é inevitável não
realizarmos um paralelo com a nossa própria História sergipana.
Aqui, o discurso predominante esta pautado na exaltação dos grandes
intelectuais, uma elite, que é retratada como a que alavancou o
processo de modernização, que tem como principal símbolo a cidade
de Aracaju. Cidade situada no Vale do Cotinguiba, Aracaju foi fundada
justamente para servir de marco da “chegada” da modernidade a
Sergipe, através de suas ruas planejadas e sua localização plana.
Semelhante a cidade de Sorocaba, teve as suas primeiras fábricas, de
produção têxtil, construídas entre o final do século XIX e
início do século XX.
Por outro lado, é
perceptível que o passado colonial sergipano é desprezado e
depositado em um local de esquecimento. A dominação baiana neste
período sobre o território de Sergipe é um dos motivos para alguns
considerarem este momento histórico como vergonhoso e que deve ser
mantido fora de foco para estudos. O desejo de distanciamento do que
levasse a se assemelhar com o período colonial foi um dos motivos
para a mudança da Capital sergipana, de São Cristóvão, com suas
ruas estreitas e tortuosas, situada em morros, distante do mar,
características predominantes de uma cidade colonial; para a
litorânea Aracaju.
Trazendo
a experiência de Arnaldo Pinto para a nossa realidade, é necessário
que aja um resgate destes momentos importantes da História de
Sergipe, porém abafados pelo desejo de enaltecer uma modernidade que
na realidade, não foi construída pelos grandes homens, mas sim por
aqueles que trabalharam na construção da cidade e no
desenvolvimento da mesma. Um exemplo pode ser encontrado no livro “Os
Corumbas”, de Amando Fontes, que retrata muito bem a rotina diária
dos trabalhadores das fábricas têxteis de Aracaju nas primeiras
décadas do século XX, sustentando, de certa forma, o processo de
modernização da cidade.
Assim
como foi aplicado por Junior, a presença da pesquisa é um fator
importante na aprendizagem, auxiliando na aproximação dos alunos
com os conteúdos abordados em sala de aula. Por fim, é importante
reforçar nos estudantes o senso crítico, fazendo com que o aluno
questione e intervenha nos discursos constituídos, comparando-os com
a sua realidade e tendo a capacidade de no final do processo de
aprendizagem, retirar as suas próprias conclusões.
Referências Bibliográficas:
JUNIOR,
Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção
de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba.
In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37 -40.
SOUSA,
Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São
Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD 2010.
FONTES, Amando. Os Corumbas- 22 edição. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1999.
FONTES, Amando. Os Corumbas- 22 edição. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1999.
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