Um mês sem o amigo Luiz Lyrio
O tempo hoje se tornou tão banal quanto o mundo em que vivemos.Nos encontramos tão ocupados, tão agendados, tão robotizados, que não nos damos conta que o maldito tempo é um sopro. Mas, como até as maquinas necessitam de repouso, nós, humanos, uma hora ou outra diminuímos o ritmo e, no aconchego de nossos lares recarregamos nossas baterias. Foi em um desses momentos(inicio de um feriadão tipicamente brasileiro), que me dei conta de que já irá fazer 1 mês que o amigo Luiz partiu.
Sempre achei Luiz uma figura muito engraçada e ao mesmo tempo diferente de qualquer outra pessoa que já conheci. Meio calado, meio falante, mas sempre mineiro, tendo o típico “uai” na ponta da língua entre uma frase e outra. Só o vi perder a calma uma vez, na épica viagem a Salvador, aonde o transito da capital baiana quase enlouqueceu o motorista Lyrio e os seus passageiros(Sendo estes eu, Carlos Conrado, Felippe Bernardo e participação especial de Dona Aurinha, avó de Conrado).
Admito que, apesar da proximidade, demorei um pouco a me aventurar nas obras do mineiro.Felizmente, após o próprio Luiz ter presenteado a mim e a Conrado com o exemplar de ‘Entre a Morte e a Vida”, seu mais recente livro de contos que havia acabado de sair da gráfica, não resisti ao convite e viajei em seus contos. Foi uma surpresa muito grande descobrir que o manso Luiz Lyrio escrevia de uma forma tão destemida, com estórias inquietantes e hilárias, com uma imaginação impar.
Pra falar a verdade, minha massa cinzenta ainda não conseguiu capitar direito a partida de Luiz, que foi tão rápida e inesperada como os finais de seus contos. Existiam tantos projetos, tantos planos... E essa era uma das coisas que eu sempre admirei em Luiz Lyrio. Ele nunca se contentou com a triste realidade do escritor emergente brasileiro, que infelizmente possui um espaço muito escasso para produzir, divulgar e comercializar o seu trabalho. Mas sempre persistente, Luiz lutou para conseguir o reconhecimento de suas obras, até o ultimo instante, quando dias antes de sua ida fez a ultima revisão de “A Guerra do Fim do Mundo”, sua ultima obra que em breve será lançada.
Não sei como terminar este texto...lidar com a amiga morte é muito estranho( e difícil)... O consolo é saber que a cada pagina de”NOS IDOS DE 68” (2004), “MARCAS DE BATOM” (2OO4) “ABDUÇÃO” (200)7, “ENTRE A MORTE E A VIDA”(2009) e em breve o “A GUERRA DO FIM DO MUNDO”, além de muitos outros trabalhos, existirá um pedacinho de Luiz... Caberá a nós, apaixonados pela arte literária não deixar que a obra deste grande homem morra também.
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